Tive o prazer de assistir pela primeira vez ao programa Conexão 4 x
4, em sua segunda edição, veiculado pelo ClickCarreira. Rico em
experiências e expectativas de jovens talentos e gestores de RH, o que
me chamou a atenção foi a observação da mediadora do evento, Sofia
Esteves, presidente da DMRH, ao final do programa, dizendo que um dos
maiores problemas dos jovens nos processos seletivos era a falta de
capacidade argumentativa em dinâmicas e entrevistas.
Refleti, pensei nos jovens com quem convivo no trabalho, amigos e
parentes e me parece que a observação da especialista tem todo
fundamento. Mas por que essa geração tem dificuldade para argumentar,
defender suas ideias com acesso a tanta informação? Lembrei da excelente
palestra que Sidnei Oliveira fez no Monster, e de seus livros sobre a
geração Y. Uma geração formada pelo vídeo game, nativa da web e com uma
incrível capacidade de inserção nas novas tecnologias. Bingo!
Ao longo dos últimos 20 anos, assisti e vivi como jornalista a
redução drástica dos textos. É preciso comunicar rápido. Nos blogs, a
recomendação é de quatro parágrafos e se possível, muitos bullets. Dar
dicas. Nas redes socais, no twitter, a informação tem que ser veloz e
aqui não vai nenhuma critica. Participo da blogosfera, gosto, trabalho
com mídias sociais e acho um cenário maravilhoso de troca de informação
em todos os âmbitos. O “Meio é a mensagem”, já teria previsto tio
McLuhan décadas atrás.
Ganhamos volume, mas perdemos um pouco da profundidade. Lemos muito
menos literatura, a produção cinematográfica é criada para atingir um
público de 13 a 35 anos (oi?). Os filmes “adultos” ou de “arte” ganham
cada vez menos espaço. E a capacidade de argumentação vem justamente da
experiência da complexidade, da riqueza da linguagem, dos sentimentos
humanos. É nesse mergulho de palavras, de narrativas que vão “Além do
Bem e do Mal”, para citar outro autor maravilhoso, Nietzsche,
que estão as pecinhas que vão acrescentar nosso argumentos, nossas
crenças, nossos valores, dar um tempero à nossa individualidade, em tudo
o que fazemos e na forma como nos relacionamos com o outro. Nossa
marca.
Assisti várias palestras de Carlos Faccina no CONARH, maior congresso
de RH da América Latina, executivo que fez uma carreira brilhante na
Nestlé como diretor de RH e hoje possui sua própria consultoria, a
Intuitiva Business (o nome já diz tudo!). Apesar de uma experiência
fascinante no ambiente corporativo, Faccina fala em suas apresentações
sobre a importância da emoção, da sensibilidade, de exercer sua vida
profissional com paixão. Todo mundo chora.
Lista sempre os livros que não podemos deixar de ler para melhorar a
performance como gestores de pessoas: Guimarães Rosa, Gilberto Freyre,
Machado de Assis, Fernando Pessoa e uma série de autores de obras
clássicas da literatura. Em sua experiência, afirma que melhores
gestores são melhores pessoas, atentas à profundidade humana. São
aquelas capazes de sentir o outro, compreendê-lo em toda sua riqueza e
complexidade.
Então #ficaadica. Nessas férias, não exclua o prazer de estar nas
redes sociais. Mas guarde umas horinhas para mergulhar de cabeça em
alguns grandes romances clássicos, suspirar, fechar um livro no meio
para poder pensar no sofrimento ou a conquista daquele personagem.
Mergulhe na humanidade dessas obras. Sem perceber, estará esculpindo
aquilo que o fará autêntico e apaixonado pelas suas ideias. E com melhor
capacidade de sustentar os próprios argumentos. Um humano diferenciado.
Boa leitura!
Por Fabíola Lago, Community Manager do Monster Brasil
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